EDITORIAL
Esta edição do SinBiesp Notícias traz várias boas notícias. Uma delas é sobre a vitória em uma ação trabalhista do SinBiesp que beneficiou uma colega associada, que civilizadamente pediu a equiparação salarial, por suceder uma colega que tinha um salário maior, que deixou o emprego por uma melhor proposta. A decisão é motivo de orgulho para nós bibliotecários paulistas, por termos uma entidade que luta por nossos direitos.
Também tivemos outras tantas vitórias. Entre elas, no serviço público de reenquadramento; em entidades filantrópicas encargos sociais; fazendo cair por terra a ideia errada de que o SinBiesp é só para os que trabalham em empresa privada. Temos ainda, o novo piso salarial e o reajuste referente à convenção coletiva de trabalho de 2011/12. São fatos que mostram que o SinBiesp existe para ser útil a toda uma categoria, agora ampliada com a incorporação dos cientistas da informação, arquivistas, historiadores, auxiliares de bibliotecas e centros de documentação.
Outros assuntos interessantes pautam esta edição do SinBiesp Notícias, como a entrevista de uma colega brasileira bem sucedida nos EUA, Elisabete Ferreti, que assinará uma coluna em nosso site, passando-nos informações da área de biblioteconomia daquele país. A prestação de serviços também foi incrementada: temos a Lilian Zucca, psicóloga e filósofa renomada, que nos brindará com artigos sobre a vida nos dias de hoje. E outros assuntos interessantes que poderão fomentar a sua participação em nosso blog A Voz do Bibliotecário, no twitter, e se cadastrar no Linkedin. É assim que vamos pra frente, trabalhando para nos orgulharmos da profissão que escolhemos e de termos uma entidade que de fato e de direito é a nossa representante oficial.
Decisão inédita beneficia bibliotecária
A FAFIT, Faculdades Integradas de Itararé, no interior de São Paulo, terá que ressarcir uma bibliotecária associada ao SinBiesp que entrou na justiça alegando ter sido injustiçada pela instituição. A profissional foi admitida pela FAFIT com salário inferior ao da bibliotecária demitida e que passou a substituir.
De acordo com o advogado do Sinbiesp e especialista em direito sindical, Dr. Delano Coimbra, na sentença normativa do TRT/SP relativa ao dissídio coletivo dos bibliotecários que determina a aplicação dos benefícios previstos na norma coletiva da categoria preponderante (no caso, a dos professores).
“Na CCT dos professores havia uma norma que obrigava as faculdades a pagarem ao professor contratado pelo menos o menor salário dos professores mais antigos. Por essa razão, ingressamos com ação pleiteando as diferenças entre o salário da bibliotecária associada e o salário da bibliotecária demitida, que era superior em R$ 1.000,00. A sentença reconheceu o direito da bibliotecária autora da ação às diferenças salariais e reflexos em férias, 13º e FGTS desde a admissão até a demissão, constituindo-se numa vitória importante. Isso cria um precedente para que outros bibliotecários façam valer o mesmo direito", afirma Dr. Delano.
Redes Sociais do Sinbiesp
Na esteira da modernização, a comunicação do Sinbiesp está passando por reformulações importantes. Já está no ar o novo site do sindicato, mais limpo, mais interativo e com o mesmo conteúdo abrangente. Entre na página e confira as mudanças: www.sinbiesp.org.br
O Sinbiesp também desenvolveu seu blog, a Voz do Bibliotecário - vozdobibliotecario.blogspot.com, onde os colegas poderão consultar as opiniões e notícias quentes do segmento. E ainda poderão se manifestar e emitir suas opiniões dentro de um espaço democrático e voltado exclusivamente aos profissionais do setor.
E não para por aí. O SinBiesp também criou o seu twitter, cujo endereço é @sinbiesp2011, além do Linkedin, uma rede de negócios excelente para fazer contatos.
Acessem e sigam as redes sociais do Sinbiesp!
ENTREVISTA – ELISABETE FERRETTI
Há 30 anos nos Estados Unidos, a bibliotecária Elisabete Ferretti é atualmente diretora da Biblioteca da Universidade do New York Institute of Technology, na Broadway. Ela começou sua carreira no Brasil nos anos 80, como documentalista. Nesta entrevista para o Boletim do SinBiesp, “Bete”, como é chamada, relata sua experiência como profissional no país do Tio Sam e fala das diferenças entre ser um bibliotecário no Brasil e nos Estados Unidos.
Boletim do SinBiesp - Você se formou bibliotecária no Brasil. Chegou a atuar aqui por quanto tempo e em quais lugares?
Bete Ferretti – Me formei em 1980 pela Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo. À época trabalhava como documentalista no Instituto de Pesquisas Tecnológicas, portanto não atuei na profissão. No ano em que me formei era para ser promovida a bibliotecária, mas tive que ir para os Estados Unidos.
Boletim do SinBiesp - Você atua na profissão nos EUA?
Bete Ferretti - Sim, sou bibliotecária há 18 anos. Fiz o mestrado de Biblioteconomia e Ciência da Informação na Pratt Institute, em Nova York, e me formei em 1983. Atualmente sou diretora da Biblioteca da Universidade do New York Institute of Technology, localizado na Broadway, na cidade de Nova York, Manhattan, perto do Lincoln Center for the Performing Arts e do Central Park (www.nyit.edu).
Boletim do SinBiesp - Como está sendo a sua experiência como profissional nos EUA? Bete Ferretti – É uma experiência muito rica e fascinante. Isso me ajuda a crescer na área pessoal e profissional. Mas, existem muitos desafios administrativos e tecnológicos, entre outros. Sempre tenho que me esforçar muito mais do que as minhas colegas americanas pelo fato de ser brasileira.
Boletim do SinBiesp - Quais são as diferenças entre o Brasil e os EUA no segmento? Bete Ferretti - Existem várias diferenças. Posso dar alguns exemplos: para atuar como bibliotecária aqui nos EUA é necessário ter o mestrado em Biblioteconomia e Ciência da Informação. A biblioteca e a educação estão ligadas e o investimento na educação é prioridade do governo. As coleções das bibliotecas são muito ricas e existem bibliotecas públicas em grande quantidade, as quais recebem apoio financeiro do governo e também de outras fontes. É fascinante o investimento que o governo faz na educação e os preços dos livros, muito acessíveis. Outra diferença está na preservação da história dos Estados Unidos, muito importante para os americanos. Isso também ajuda a criar muitos arquivos, centros de documentação e bibliotecas.
Boletim do SinBiesp - Quais os entraves que uma brasileira enfrenta num país estrangeiro neste setor? Bete Ferretti - Os obstáculos são muitos. O profissional deve dominar a língua; ter o mestrado reconhecido pela American Library Association – ALA - o mestrado do Brasil não é reconhecido aqui –; ter conhecimento da cultura americana; e visto para trabalho. No meu caso, por exemplo, esperei 12 anos para poder começar a trabalhar em bibliotecas, mesmo com o mestrado em Biblioteconomia dos Estados Unidos, porque eu não tinha o visto de trabalho. Enquanto isso trabalhei em contabilidade e exportação para empresas brasileiras aqui em Nova York enquanto estudava, e também, depois de formada, para sobreviver. Somente quando consegui o green card comecei a trabalhar em biblioteca pública no Brooklyn, Nova York.
Boletim do SinBiesp - A profissão passa por mudanças significativas e novas aplicações. Como você vê isso? Bete Ferretti - As mudanças são fascinantes e vejo muitos desafios. As novas tecnologias são sempre bem vindas, principalmente porque ela permite acesso global às pessoas que jamais teriam acesso à informação se não existisse a internet. A instituição, incentiva que me recicle, participo da maioria de eventos, que os assuntos sejam interessantes, workshops, seminários e conferências para poder acompanhar e implementar novas ideias. Acabei de participar do workshop ”A Biblioteca do Futuro: física e virtual”. Em dezembro, participarei do simpósio ”O bibliotecário global: informação sem barreiras”. Sei que ainda existe resistência às mudanças por parte de alguns bibliotecários, mas acho muito importante sermos flexíveis e nos adaptarmos às mudanças se quisermos sobreviver na profissão.
Boletim do SinBiesp - Quais são as perspectivas profissionais nos Estados Unidos? Bete Ferretti - São boas para quem está se formando e para quem têm experiência com as novas tecnologias, mas com a atual recessão econômica não existem muitas vagas. Os cargos e os papéis dos bibliotecários estão mudando. Por exemplo, em minha biblioteca estamos criando uma vaga para “Bibliotecário Virtual”. O bibliotecário está se tornando um especialista na área da competência da informação. Neste momento de transformação dos meios de comunicação, faladas e escritas, com a chegada da “era digital", o papel do bibliotecário também está se transformando e se faz necessário acompanhar essas mudanças de forma natural para que se possa preservar a profissão.
SinBiesp no III Encontro Nacional de Bibliotecários de Instituições Escolares
Olho: Vera Stefanov alerta sobre os novos desafios do “novo” profissional, exigidos no mercado de trabalho e chama a atenção para a formação de uma entidade que represente o bibliotecário nacionalmente.
A presidente do SinBiesp, Vera Stefanov, conferiu palestra no III Encontro Nacional de Bibliotecários (ENB) de Instituições de Educação Superior (IES) & III Encontro Nacional de Bibliotecários Escolares, realizado no último dia 26 de agosto, no Hotel Park Inn Ibirapuera, em São Paulo. O evento teve a participação de profissionais do segmento bibliotecário como gestores, coordenadores, assistentes e demais profissionais de bibliotecas de instituições de ensino.
Entre os temas abordados por Vera na palestra “DESAFIOS CONTEMPORÂNEOS NA FORMAÇÃO E ATUAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DA INFORMAÇÃO NO CONTEXTO EDUCACIONAL, SOCIAL, POLÍTICO E TECNOLÓGICO” estão questões relevantes para os profissionais da informação como o uso de novas tecnologias e a ampliação do mercado de trabalho.
Vera Stefanov traçou um perfil cronológico da atuação dos bibliotecários durante o evento. “Nos anos 70, a informática, ainda sob o nome de ‘processamento de dados’, começou a ser introduzida na educação como curso técnico de informática. Acreditem ou não, ainda há empresas de médio e grande porte que possuem departamento de Processamento de Dados”, diz ela. De acordo com Vera, estes avanços – da simples automação à era da informática – requeriam profissionais capacitados, não só para a manutenção de sistemas, mas também para pesquisa e desenvolvimento de novas ferramentas...
AMPLIAÇÃO DO MERCADO DE TRABALHO EM DIFERENTES SEGMENTOS
A presidente da entidade também falou do setor bibliotecário no País. Segundo ela, no Brasil, o setor vem aumentado gradativamente seus postos de trabalho, com iniciativas novas e até pitorescas. “Nunca tivemos, como ocorre agora, tantas ONGs, tantas iniciativas sociais em torno do nosso instrumento de trabalho, a biblioteca. A nova legislação – que exige biblioteca em toda escola - veio dar força para que o profissional também seja reconhecido e valorizado”, discorre.
A dirigente também destacou o comprometimento com as entidades de classe, bem como o engajamento em trabalhos sociais. “Poucos sabem que o mercado nos dias atuais valoriza quem está socialmente engajado com suas entidades de classe, ao contrário do que se poderia pensar. Claro que há ainda um pensamento retrógrado e provinciano por parte do patronato. Mas é justamente através das negociações coletivas que ocorrem as mudanças de comportamento, tanto do setor público, como do privado”, frisa a presidente do SinBiesp.
PISO SALARIAL NACIONAL - Outra grande meta é a do estabelecimento de um piso salarial para a categoria regionalmente, para todas as localidades do país. Esta conquista, de pisos nacionais, só pode e deve se dar através da constituição de uma Federação Nacional de Bibliotecários, formada a partir dos sindicatos. Este é um dos principais objetivos que os sindicatos de bibliotecários pretendem atingir em breve, bem como outras questões cruciais ao exercício da biblioteconomia no país, que se fazem mais urgentes até por conta da nova legislação. (LEI Nº 12.244 DE 24 DE MAIO DE 2010.Biblioteca em escolas...). É com uma Federação Nacional de Bibliotecários que faremos a coisa certa. Isto porque, onde não há sindicato, a Federação será a responsável pelas negociações locais, uma vez que somos um país de contrastes, em que a renda per capita, que se dá através do PIB regional, é díspar. É a única entidade de classe que representa legalmente o profissional, pois sua base são os sindicatos criados pelos próprios bibliotecários, espontaneamente, para defendê-los junto ao mercado de trabalho e a sociedade.
“Devo dizer, todavia, que os problemas da biblioteconomia vão muito além do piso salarial, lembrando que ele é apenas um referencial genérico para o mercado e para os que ingressam na profissão. Ocorre ainda a desigualdade salarial com outras categorias, a ingerência de.....LEIA NA ÍNTEGRA
Associados do SinBiesp contam com consultoria terapêutica
O SinBiesp conta agora com uma consultora em psicologia. Trata-se da terapeuta Lilian Zucca, formada pela Universidade de São Paulo (USP) e pós-graduada em psicologia clínica. Lilian foi professora universitária em diversas faculdades de São Paulo e trabalhou durante oito anos com o Dr. Paulo Gaudêncio. Também é artista plástica, o que facilitou a sua especialização em arteterapia.
Lilian Zucca terá uma coluna periódica no Boletim da SinBiesp, além de prestar consultoria aos associados da entidade.
Esclareça suas dúvidas e mande sua pergunta para a especialista pelo e-mail psicologia@sinbiesp.org.br
Como ter uma carreira bem sucedida Por Lilian Zucca
A função de Bibliotecário, quando exercida dentro de uma Biblioteca, envolve o relacionamento com os mais diferentes tipos de pessoas. Além de se relacionar com seus colegas, ele necessita se relacionar com os usuários.
Quais seriam as características psicológicas de um Bibliotecário para uma carreira bem sucedida?
· Saber trabalhar em equipe
Para trabalhar em equipe, a pessoa tem que ter segurança, competência e certa humildade. Ser um elemento atuante dentro da equipe, dar sua colaboração, mas, ao mesmo tempo, não querer ser o dono da verdade. Neste ponto, o importante, além de falar, é saber escutar e respeitar a opinião dos outros membros da equipe. Ajudar a equipe a chegar a um consenso permitindo a participação de todos.
· Gostar das pessoas
Um bom bibliotecário deve se esmerar no relacionamento interpessoal. Deve ter gosto por se comunicar com as pessoas, e ser gentil com os membros de sua equipe e principalmente com os usuários. O usuário é o seu cliente. Não que o cliente tenha sempre razão, pois esta não é uma função comercial, mas o bibliotecário deve orientar seu cliente sem impor as suas ideias. É quase como um professor: mostra o caminho, mas quem escolhe é o leitor.
· Ter paciência e tolerância
Quem trabalha continuamente com pessoas, dos mais diversos tipos, devem ter estas características elevadas à enésima potência. Se o bibliotecário é quase um educador, ele sabe ser moderado em suas reações emocionais, por mais que determinada situação possa querer tirá-lo do sério.
· Gostar dos livros e de ler
Quanto mais conhece os livros e seu conteúdo, mais estará apto para exercer sua função. O bibliotecário deve ter o gosto do aprimoramento pessoal. Seus conhecimentos devem progredir continuamente e estar sempre atualizados com as novas publicações.
|